A queda de uma pessoa idosa pode ir além da falta de equilíbrio e sinalizar visão reduzida, arritmia ou até pneumonia. Mesmo quando não há lesões, as razões do tombo devem ser investigadas.
Por Léo Mendes
Quando Sebastião de Azevedo, de 85 anos, caía dentro de casa, a família pensava que era apenas falta de atenção. Mas o desequilíbrio se tornou frequente e mostrou que algo poderia estar errado com a saúde do idoso. De acordo com a filha, Vera Lúcia Maria de Azevedo, o médico descobriu, após exames, que as quedas eram os primeiros sintomas de uma doença grave.
“Ele caía muito, de um tempo pra cá, a medida que ele foi envelhecendo, nós não tínhamos a menor noção que poderia ser essas doenças da velhice mesmo. E nós levamos ele ao médico, e o médico nos disse que era Alzheimer. Então quando tirou os medicamentos e acertou os outros, ele virou outra pessoa”, lembra Vera Lúcia.
Segundo o Ministério da Saúde, 40% das pessoas com mais de 80 anos têm em média uma queda por ano. Entre os idosos que vivem em casas de repouso, essa taxa é ainda maior: 50%. De acordo com o geriatra e professor da UFMG, Flávio Chaimowicz, mesmo sendo comum o idoso cair, a causa deve ser investigada.
“Vamos imaginar, ele está com uma visão ruim por causa de catarata, ele tá com problema nos pés, com osteoartrose, e muitas vezes idoso mais velho, com pneumonia não tem febre e o primeiro sintoma da pneumonia pode ser uma queda. Ou então uma arritmia, por exemplo, o idoso pode sofrer uma queda causada por uma diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro”, afirma o geriatra.
O uso excessivo de medicamentos, segundo o médico, também deve ser observado. Calmantes e remédios para dormir podem causar sedação durante o dia. A cautela vale também para o tratamento de hipertensão.
“Os idosos com 80, 90 anos, não precisam ter a mesma pressão arterial de adultos. Eles não precisam ter 12×8. Reduzir um pouco a dose do anti-hipertensivo vai evitar essa queda de pressão quando o idoso fica de pé”, recomenda o médico.
Além das doenças, o ambiente também pode ser responsável pelos tombos. Foi o caso da Maria Aparecida Barreto Marra, de 79 anos. Os diversos tapetes e os degraus faziam ela cair com frequência.
“Com a idade a gente perde, eu tenho desequilíbrio, já caí na rua e já caí dentro de casa. Às vezes quando vou subir uma escada, eu tenho que segurar, quando eu vou descer é segurando. Eu sempre fui muito ativa, sabe? E sinto hoje que eu estou ficando limitada”, afimar Maria Aparecida.
Para tornar um ambiente adequado a idosos, é essencial aumentar a iluminação dos corredores, além de evitar tapetes e fios elétricos soltos. No banheiro é importante a instalação de barras de apoio nas paredes e, em alguns casos, uma cadeira resistente para o banho. Para os especialistas, as quedas podem ser evitadas, mas de modo algum devem impedir o idoso de voltar à rotina e fazer o que gosta.
Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/ciencia-saude/2016/10/22/QUEDAS-PODEM-INDICAR-PROBLEMAS-MAIS-GRAVES-EM-IDOSOS.htm